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Denúncia que pode tornar TH Joias réu será votada sem relator que pediu a prisão dele; desembargador foi preso
17/12/2025
(Foto: Reprodução) Denúncia que pode tornar TH Joias réu será votada sem relator que pediu a prisão dele; desembargador foi preso
A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-deputado TH Joias será apreciada pela 1ª seção especializada do Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro nesta quinta-feira (18). Preso suspeito de ser um braço político do Comando Vermelho, Thiego Raimundo dos Santos Silva pode se tornar réu.
No entanto, a sessão não contará com a presença do relator inicial do caso, o desembargador Macário Ramos Júdice Neto, porque ele foi preso nesta terça (16) suspeito de ter vazado o mandado de prisão que ele mesmo expediu contra Thiego.
O julgado estará, então, sob a relatoria do desembargador federal Júlio de Castilhos.
No documento entregue à Justiça pedindo a prisão do desembargador, a Polícia Federal afirma que a prisão preventiva evita interferências na produção de provas, já que o grupo investigado teria forte influência na administração pública do Rio de Janeiro e também garante a tramitação regular do processo.
Relação entre Macário e Bacellar
A investigação mostra um relacionamento muito próximo entre Macário Neto e Bacellar.
O desembargador deu conselhos a Bacellar sobre sua relação com o governador Cláudio Castro. Os dois estão rompidos desde julho.
A análise do conteúdo dos celulares de Bacellar revelou também que o desembargador pediu ingressos para o jogo do Flamengo no Maracanã.
O desembargador escreveu: “diga-me uma coisa, você consegue 4 ingressos para o jogo do Flamengo x Ceará?”, e foi respondido com: “nem que eu arrebente o portão darei um jeito. Tenho juízo, meu padrinho. Amanhã eu vou saber a carga que eu tenho exata que a Suderj vai me informar.
A Suderj, a Superintendência de Desportos do estado do Rio, tem responsabilidade e gerência de parte dos ingressos do Maracanã.
Macário neto e Bacellar voltaram a trocar mensagens dois dias depois, segundo a PF, quando o desembargador disse que já tinha conseguido por outros meios.
Naquele mesmo dia, 2 de dezembro, Bacellar abriu a sessão da Alerj ameaçando criar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a Suderj e a distribuição de ingressos para deputados.
Bacellar foi preso no dia seguinte desse pronunciamento, horas antes de o Flamengo ser campeão brasileiro.
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Segundo a Polícia Federal, o desembargador ajudou a vazar a operação contra TH. No celular de Bacellar, os investigadores também encontraram trocas de mensagens entre ele e Macário, que embasaram a operação.
Preso na 1ª etapa e solto pelo plenário da Alerj, Rodrigo Bacellar também foi alvo de buscas nesta terça. (Relembre a 1ª etapa da Operação Unha e Carne abaixo.)
Procuradas, a defesa do deputado Bacellar disse que o parlamentar não atuou para inibir qualquer investigação e a de Macário disse que, ao contrário do que afirma a PF, ele e Bacellar não se encontraram um dia antes da operação e que eles não conversaram sobre o processo.
Já a defesa de TH Joias afirma que não teve acesso à decisão judicial.
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Bacellar está licenciado do cargo de deputado estadual. Ele foi afastado da presidência da Casa por Moraes, mas ainda poderia exercer seu mandato. No entanto, ele pediu licença do cargo um dia após ser solto.
Desembargador Macário Judice Neto
Reprodução
Operação Unha e Carne
No dia 3, Rodrigo Bacellar, então presidente da Alerj, tinha sido convidado para “uma reunião” com o superintendente da PF no Rio de Janeiro, Fábio Galvão. Tão logo chegou, recebeu voz de prisão e teve o celular apreendido. No carro dele, a PF apreendeu R$ 90 mil em espécie.
Segundo a PF, Bacellar é suspeito de ter vazado informações sigilosas da Operação Zargun, deflagrada em setembro, em que o então deputado estadual TH Joias foi preso.
STF determina transferência de TH Joias para presídio federal
Rodrigo Bacellar, presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj)
Reprodução/Fantástico
Sobre a prisão de Bacellar, o mandado foi expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, que também determinou o afastamento dele da presidência da Alerj.
Em sua decisão, Moraes afirmou que há “fortes indícios” da participação de Bacellar em uma organização criminosa. Segundo trecho da decisão obtida pelo g1 e pela TV Globo, ele estaria atuando ativamente pela “obstrução de investigações envolvendo facção criminosa e ações contra o crime organizado, inclusive com influência no Poder Executivo Estadual”.
A suspeita de vazamento havia sido levantada no próprio dia da Operação Zargun pelo procurador-geral de Justiça do RJ, Antonio José Campos Moreira. Ele afirmou na ocasião que “houve uma certa dificuldade” para achar TH.